Apunhalar o poema pelas costas

II.

de todos os trabalhos inconstantes do mundo: escolho o de levantar

a estaca antes de apunhalar o poema pelas costas e se os dedos e as válvulas 

tocassem  letra fotogénica com todas as caricaturas por cima:

 a mesmíssima coisa porque o perfume nos sonda ou nos  conquista

 invariavelmente. levanta-se muito cedo

 para pôr-se o cú à mostra. e as musas muito mais centrais

do que as bandeiras musicais do mundo ante as grelhas impermeáveis

da visão: amálgama estendida sobre o vulto o vulcão sifilítico

como sentença primitiva légua ou letra no sexo: as musas como

seres independentes soluçam e tudo e tudo e tudo nasce coberto de pólen

em chamas: este é o sal da letra: como distingui-lo de tantos sais do mundo

 separa-se o sal da letra de outros sais

como se separa o eco do sono pelo meio da vulcanização:

da perfuração da encadernação dos espinhos e dos espinhos temos apenas a flutuação

 que é afinal uma coisa natural às letras

onde as vísceras terminam abertas num canal de tv:

estou em jogo com uma coisa na boca: onde estão as mãos?

este é o sal do sal da letra diz o personagem sôfrego na imaginação

e as pálpebras voltaicas com o sangue no meio

acenam a inocência: este é o saletra a sã letra

e as coisas electricamente turva

este é o vazio esta é a linguagem querendo perfurar

perfumes pré-cálculos primitivos este é o limo com um rosto

é o limo com todos os rostos amontoados na paixão

com todos os vidros:

sonhas com a boca entreaberta ante o canal das musas arrepiadas.

ouves o prognóstico da letra–––devoras-te:

 ––e se me colocassem numa forca por ser inútil e me questionassem:

de todos as putas do mundo:

pensaria em todas as mães do mundo e dançaria nu

rua abaixo como estrelas divididas em máximo múltiplo rebarbativo

In A gema dentro do eco