Os diversos instrumentistas aprontam cada vez mais das suas e fazem o Maestro já não saber em quem ao certo confiar. Deve ser por isso que resolveu apertar os instrumentos de seu vice, o número dois do país, e deixá-lo mais sumido da orquestra do que já há muito andava. Mas também, quase nunca lhe foi dado grande coisa para fazer, nem sequer limpar o pó de instrumentos velhos, ou arrumá-los num lugar depois de alguma apresentação.
Quem fez isso ofereceu a leitura convicta de se tratarem de ordens superiores, o que já estava a acontecer e a ser veiculado: a violência estapafúrdia de uma polícia há muito despreparada, que tentou lidar com a situação da pandemia, como lida com a das zungueiras. Resultado: o número de pessoas mortas pelas balas da polícia, ao longo do estado de emergência, excedeu o número de óbitos pela pandemia
Com ou sem capa, são merecidas as aspas à aclamada heroína da saúde, pois, afinal, está no ramo desde o ventre e detém o posto desde séculos antes da pandemia e, mais que isso, conhece a fundo o furúnculo há muito apodrecido que é o nosso sistema de saúde. E como é de praxe entre os nossos dirigentes, apresenta com pompa e circunstância os número para o inglês ver e encafuam os outros que enchem os hospitais de condições precárias, as morgues e os cemitérios.
No entanto, com base nas mutações da sociedade, sendo uma delas, e cada vez mais sonante, a própria emancipação da Mulher, a decência, feito uma cebola, tem perdido várias camadas e tem sido empurrada a uma classe de substantivos na qual não se vê rebaixada a Mulher, nem tampouco permite que as suas aspirações, apetências e vontades sejam menosprezadas em detrimento de conceitos/pensamentos obsoletos.
É mais uma crise que o mundo não tão cedo há-de esquecer. Mas crise é sinónimos de oportunidade, e há oportunidades a baterem às portas das sociedades, a rogarem para que as deixem entrar e possam mudar, moldar, os próximos tempos. O mundo, depois dessa, não será o mesmo. A arrogância das potências mundiais estará condicionada aos estigmas que elas próprias criaram
Quatro anos, oito edições, vários suplementos e dossiers bem como centenas de artigos publicados, é o resumo vivo de como a força de vontade do universo Palavra&Arte não esmoreceu. Nossa luta por um país onde a arte tenha voz, embora seja levada com certa exclusividade no mundo virtual, tem sido proclamada com a veemência do sangue que corre nas veias de quem deseja a mudança e faz alguma coisa por ela.