Peso da estagnação – Quatro poemas de Luís Jerónimo

De giba

É de gibas
o peso da estagnação
num tronco gordo
de vacuidade nas línguas

É de gibas
o peso das formigas
num tronco vácuo
de fértil idades nas línguas

É de gibas
a concomitância das rixas

E é sobre
simplesmente sobre
os ombros
que a ribalta 
dedura fome
de tonelada promíscua
do incansável peso da estagnação

No Palco dos dias

Há uma sinfonia 
no palco dos dias

Ela vem ao meu encontro 
e me encontro
com cerebrais nervos
dançando coreografias do passado

Há uma sinfonia
no palco dos dias

Ela vai ao teu encontro
te encontra dançando de costas
às poeiras da garimpeiria

Há uma sinfonia
no palco dos dias

Ela pisga-se de nós
dançando a coreografia
das rugas 
no presente atroz

Os homens foram

Quiçá para ventos siderais
aninharam-se DNAIS*?

Quanta distância
entre a alma do corpo 
e corpo da alma!


Quem gladiará
tal antagonismo
sem pintar
de trovoadas 
algum calcanhar?

Os homens foram
os homens foram
só os cães são pessoas!

Outras Vidas

Verte sangue amarelo
ver-te sangue
amar elo de rosas espinhosas
nesta terra de vento

Flutua
a forca
da força
normal 
dos acontecimentos

A peculiaridade é outra
por isso roga
nisso ronca
prorroga
sacrilégio
alheio 
doutra
vida distinta!