Assimétrias Ingombotas da Lua – Poesia sem nome, uma obra que desperta a essência da poesia

Peço a permissão, inicialmente, para dividir minha alegria com toda a comunidade literária que se conceder o prazer da companhia do livro: Assimétricas Ingombotas da Lua – Poesia sem Nome, de Kaz Mufuma.  

Kaz Mufuma é o jovem escritor que se estreia no banquete das letras, respira e transpira literatura. Na maioria das vezes, se a conversa não for sobre livros, Kaz silencia. Para não se isolar do mundo, transforma tudo ao seu redor em arte, num processo de lapidação das impressões do meio interior e exterior, imprimindo-lhe os sentimentos pessoais, através do seu estilo e criação. Na verdade, Kaz Mufuma, poeta do Kazenga, natural de Luanda, transporta os mundos que lhe pesam nos ombros para a arte, busca a proporção e o equilíbrio das coisas. Esse autor que a comunidade literária desde há algum tempo testemunha, sobrevive como técnico de computação, mas vive como poeta,

Geralmente, todo escritor enfrenta pelo menos três problemas: escrever, publicar e ser lido. Escrever não é fácil, pois muitas vezes as palavras são frutos do sofrimento, marca inevitável da personalidade do artista. Escrever é, primeiramente, vencer a si mesmo, sem medo, resignado e apto a transferir os conflitos pessoais em arte. O segundo grande problema enfrentado pelo escritor é uma missão titânica em Angola, publicar um livro. Não por falta de editores, mas por questões socioeconómicas. O terceiro problema que o escritor tem que enfrentar é como fazer para ser lido. Talvez o maior medo do autor, em todos os tempos, é lidar com a ausência de leitores, principalmente, se for poesia. É na criação verbal que reside a genialidade. Não pode ser hermética. Encurtar a distância é que possibilita a realização completa do escritor, pois não basta escrever, é preciso ser lido.

Kaz Mufuma soube enfrentar os três problemas, venceu os três desafios e outros que a própria vida proporciona, saiu de um ambiente inóspito, rodeado de assimetrias, de cegueira saramaguiana e apresenta-nos a obra que está nas vossas mãos “Assimetrias Ingombotas da Lua – Poesia Sem Nome”.  Parafraseando Ary dos Santos, poeta português, mutatis mutandis (ou seja, com ligeira alterações), “Assimetrias Ingombotas da Lua – Poesia Sem Nome”, é uma obra que sem ser de lugar nenhum é de toda parte. Carrega consigo temáticas sociais, políticas, económicas e culturais. O erotismo é também marca desta obra.

Em Assimétricas Ingombotas da Lua – Poesia Sem Nome, Kaz Mufuma impressiona pela comunicabilidade, pelo nível estético e técnico com que constrói o seu discurso. Em todo o conteúdo da obra, encontra-se uma intimidade contagiante, quem a ler se familiariza, degusta-se porque na raiz da obra está o poeta, o livro e a terra. Kaz Mufuma, exerce o seu ofício com competência e, em qualquer página da sua obra de estreia, lá estão as qualidades intrínsecas.

Quem ler esta esta obra deverá analisar os detalhes, concentrar-se em cada palavra, saboreando lentamente o poema e por fim o livro. Não é preciso procurar o que está por trás do texto, basta aquilo que está nele, que faz dele o que ele é. Então, será o despertar e a essência se mostrará.