Outrossim, estava o seu silêncio escrito em miocas de insones linhas, lá no palácio das kisaqueiras. Naquele dia, dez de Dezembro do ano “vermelho” — da fome e covid-19, contavam-se quarenta e cinco glórias de afoita e sacrossanta mercearia. Já se imagina que, ainda que com cérebro de ave e matemática dos mortos, são areias da praia do Mussulo os ovos que do galinheiro dourado delapidaram à saqueagem. Foi aquela resposta dele silenciosa que me açulou a coragem. Pus-me no vai-e-vem do vento à calçada de Paiva de Andrade, e zurzia, ao ar de um cão analfabeto, os nomes blasfémicos de Angola. “Eles não sabem de onde sai a comida que chega às suas mesas”, vomitei os nervos da multidão à escareta do glorioso — rosto azedo, língua recatada. O beberrão arrogante, em aberto arreganho do linguajar, à sombra do abacateiro, esfiou um sorriso fissurado nos lábios e usou os pára-brisas para desenxovalhar o meu personagem pictórico. O mano Miguelito só riu. Disse “provocaste o leão”.
Se desculparmos a fome, a preguiça e outros males no nosso confronto com as razões que a natureza nos apresenta, quanto a sua inocente intervenção no universo infelicidade do nosso cotidiano, uma vez que, a nossa biologia é contínua e initerupta no tempo e espaço «só talvez na consciência e essência, quando mudadas pela mesmas causas imutáveis que existem na própria natureza e, que se justificam de quase tudo, por apenas cumprir princípios gerais de pré-ciência.»,