Quero crer que a distinção entre uma casa e um lar não se tenha esvanecido nas ravinas da vida contemporânea. Não há tanto tempo atrás, essa diferença era muito clara dentro do imaginário popular: casa era um espaço gélido no qual não desenvolvemos nenhum sentimento de pertença.
O afrofuturismo surge como uma proposta estética na direcção de uma expressão cultural inspirada em valores africanos.
A versatilidade temática do género levantava uma bandeira clara: jovens periféricos podiam tomar posse dos seus próprios discursos e serem activos na edificação das próprias vidas e na vida das respectivas comunidades. E esses discursos não eram restritos ao verbo, isso espalhou-se aos outros elementos da cultura. Essa bandeira acabou por contagiar o mundo e Angola não foi excepção.
A história da humanidade é bastante ilustrativa quanto à relação de enamoramento entre a arte e educação. As paredes decoradas pelas pinturas rupestres são motivos de especulação científica que advogam ideias, segundo as quais, aquele tipo de arte guardava instruções relacionadas à caça, às normas dos rituais de fertilidade e expressão de conceito, valores, crenças, entre outras coisas que adornavam o quotidiano do homem da pré-história.
A proposta de reunião de três disciplinas artísticas foi muito bem conseguida. A única ressalva que se faz às organizações esse tipo de evento é um desdobramento mais criativo e eficiente na hora da divulgação.
O povo angolano sempre foi caracterizado como um povo de sorriso fácil. E não sem motivos, pois não faltam manifestações culturais onde os elementos do humor são evidenciados mesmo quando as circunstâncias sociais não são tão inspiradoras.
Por exemplo, o fenómeno cultural denominado “estiga”, caracterizado como um duelo em que os intervenientes troçam-se caricaturando elementos físicos e psicológicos, parece ignorar a realidade do meio circundante dos nossos musseques onde é habitualmente palco desse evento, a menos que esta realidade sirva para promover mais risos.