Há aquelas pessoas que se fascinam por algum livro logo ao primeiro contacto com a capa e o seu título, há outras que precisam de muito mais do que, simplesmente, deixar-se levar pelo título ou pela capa e vão além, e há outras, ainda, que, apenas pela capa e pelo título, não se atrevem sequer a tocar num livro e não o incluem na lista de leitura. Na sequência desses factos, creio que o livro de Aníbal Simões, não muito pela capa, mas mais pelo título, causa alguma curiosidade logo à partida. Olhar para um livro e, de repente, ler um título como “O Feitiço da Rama de Abóbora” aguçaria a curiosidade de muitos e traria acima perguntas como “Que feitiço é esse?” ou “O que faz esse feitiço?”. Encontrará as respostas para tais perguntas quem se propor a ler o livro.
Presente na terceira colecção dos 11 Clássicos da Literatura Angolana, O Feitiço da Rama de Abóbora é um livro cuja leitura faz de quem o lê um descobridor de mistérios. E estes mistérios estão presentes em várias partes do livro, a começar nos provérbios, nas advinhas e nas lendas que a obra apresenta de forma rica
. O romance, todo desenvolvido no interior de Angola, revelando-a, deste modo, com outros olhos, longe das cidades, carrega em si desde o início ao fim uma componente cultural muito forte e profunda. Essa componente cultural, apesar de ser maioritariamente representada pelo grupo étnico Ovimbundu, transcende-o em vários momentos e remete-nos a outros grupos étnicos espalhados pelo país adentro.
A partir do momento que nos propomos a viajar através dessa obra de ficção, deparamo-nos com alguns hábitos, costumes, factos e usos que nos são desconhecidos, embora alguns destes estejam mesmo aí ao lado, ou seja, bem perto de nós. E é neste não reconhecimento do que está perto é que o livro, em grande parte, se nos revela. É a busca pela identidade, pela sabedoria do povo e pelo conhecimento da cultura que a vida (e também grande viagem) de Cisoka, o protagonista da história, metaforicamente representa.
Cultura e Tradições são dois aspectos entrelaçados à busca pela identidade no livro. A procura para se saber o que somos e de que somos feitos podem ser vivenciadas intensamente nesta obra, e, também, o querer entender as nossas raízes e o que nos rodeia. Será a nossa identidade construída num determinado momento? Ou será um processo que nos acompanha desde o início até ao fim dos nossos dias? Que cada um reflicta sobre essas questões a cada página de O Feitiço da Rama de Abóbora e encontre suas respostas.