Madrugada é solilóquio junto ao mar parado. Digo, afirmo e reafirmo: não gosto de perder o sono pela alvorada. Quando fico sem sono, pela madrugada, sofro imenso. Normalmente, tento trabalhar. À madrugada, isso traduz-se em escrever, ler ou ambos. Algumas vezes, não tenho vontade de nada disso. Hoje, por exemplo, não me apetece fazer nada. Estou quieto na cama. Oiço o latido e o vrum-vrum dos carros. Read More
Os diversos instrumentistas aprontam cada vez mais das suas e fazem o Maestro já não saber em quem ao certo confiar. Deve ser por isso que resolveu apertar os instrumentos de seu vice, o número dois do país, e deixá-lo mais sumido da orquestra do que já há muito andava. Mas também, quase nunca lhe foi dado grande coisa para fazer, nem sequer limpar o pó de instrumentos velhos, ou arrumá-los num lugar depois de alguma apresentação. Read More
Além de ficarmos a saber que os kotas não são tão independentes quanto aparentavam, descobrimos que a nossa beleza decresce com a ascensão dos anos, desvendamos que a abundância de anos vem segurando a solidão pelas mãos; descobrimos que o gozo da felicidade requer alguma dose de inocência; enfim, descobrimos que nunca seremos tão felizes quanto na fase da meninice. Read More
Recomendámos à estudante a ter cuidado com a verosimilhança ao utilizar a velha Estética da Recepção, de Rans Robert Jauss, porquanto a obra literária encerra uma dimensão psicológica que se espelha na catarse que o leitor vai tendo ao ler uma obra. Pois que poderia, no caso de ler um romance de personalidade ou intimista, confundir as suas experiências com partes ou todo um romance. Read More
Steiner costumava dizer que o crítico literário é como um carteiro/mensageiro. Os livros são as cartas que ele porta. Todavia, ele precisa ter cuidado ao remeter as cartas aos endereços certos. Há livros que salvam vidas. Não são todos, nem muitos. O crítico literário tem de ter ciência disso. Read More
E qual é a solução? Matar o palhaço que há em mim e fazer (re)surgir o rei. Mas o rei, ao fim e ao cabo, transfigura-se, também, em palhaço. Atire a primeira pedra quem nunca execrou a vida. Amaldiçoar ou filhadaputar a vida é o que faz qualquer mero mortal longe dos dogmas e fingimentos, e numa situação de pressão e incertezas, pior ainda. Se a imunidade do meu status quo fosse sanitária, essas horas o mundo estaria confinado na minha mala de viagem. Read More