Colectivo Jazzmática – a matématica do jazz

Jazzmática surge da fusão entre Matemática e Jazz ou da expressão “a matemática do Jazz”. O Colectivo surge da necessidade orgânica de se experimentar e desenvolver, de forma criativa, o subgênero Rap, com influência e legado da música jazz, adicionando outros estilos musicais, como a música eletrônica, MPB, MPA e ritmos africanos.

A união que se deu a partir do desejo de representar a improvisação que provinha da sinergia que ocorria em momentos de total criação, levou este pequeno-grande grupo de pessoas a juntar-se de forma mais integral em 2008 e, hoje, o Colectivo é composto por Irru ill (Teclados, composição/voz e produção), Mano António (Composição/voz), Faradai (Beatmaking, composição/voz e produção), Gonçalo Clington (Guitarra, composição/voz) e KD (Guitarra baixo). Juntos procuram elevar cada vez mais a sua musicalidade com o objectivo de inspirar, mudar perspectivas e levar outros a darem o melhor de si no mundo.

Antes mesmo que 2017 terminasse, a Palavra & Arte teve a oportunidade de conversar com o Colectivo Jazzmática sobre o seu percurso, as suas visões e sobre o ano que se segue.

Palavra & Arte: Há quanto tempo estão no mercado e quais são as suas grandes influências?

jazzmática: Na verdade, diríamos que não estamos inseridos num ‘’mercado’’, pois fazemos parte de um movimento e manifestação cultural que vamos projetando de forma criativa, o prospecto que nos define como artistas e como colectivo. Somos amantes e entusiastas deste mundo que chamamos de música há mais de 16 anos. Tentámos criar uma plataforma local e independente que sirva de farol para muitos outros que procuram um lugar ao sol nesta nossa Angola.

Como colectivo temos inúmeras influências: Pela dinâmica da vida em si, pelo barómetro das nossas vivências e experiências pessoais, no redescobrimento de clássicos musicais e literários que estudamos avidamente, em que a universalidade da mesma só nos ensina a caminhar por esta jornada que abraçamos com amor e dedicação.

 Como é que cada indivíduo contribui, particularmente, para a singularidade musical que se ouve no colectivo?

Tal contribuição deve-se à existência de backgrounds diferentes, da qual somos adeptos. Representamos uma amálgama que combina a música Rock, Ritmos Africanos e o Hip Hop Jazz, espelhada numa instrumentalização híbrida, entre o electrónico e o acústico. Em suma, somos um prisma incomum que reflecte uma outra abordagem e intento ao exteriorizarmos a nossa música.

A música tem poder, pois pode inspirar, servir de exemplo pela positiva, assim como deturpar e gerar um retrocesso. Mas a música também pode nos ensinar a dar a volta, para podermos nos ver de outra forma, noutra perspectiva, na busca de um novo meio, processo, viagem e caminho para a melhoria e equilíbrio do ser humano.

 Na vossa opinião, em que pé se encontra a musica jazz no espaço nacional e/ou onde deve chegar?

A música Jazz em Angola, apesar de gradualmente dar o ar da sua graça em pequenos e médios eventos, depende imenso de um nicho de pessoas que galvaniza o seu movimento. Primeiramente, nós temos a visão errada que o Jazz é um género de música íntimo, mais recatado a ambientes fechados e concentrados. Nunca foi esta intenção do Jazz, pois o mesmo, por ser uma manifestação artístico-musical originária das comunidades minoritárias, sempre esteve ligado a cultura e tecido popular pela difusão do entretenimento comunitário, a conotação imoral na década de 1920 e da era dos direitos civis até aos nossos dias. Precisamos de mais exploradores deste estilo, mais sangue fresco e gente que não tenha medo de investir, arriscar e criar novos segmentos, novas torrentes de divulgação, mais contacto com as massas e abertura educacional ao alcance de todos, para que haja o interesse natural em poder interagir e contribuir, para a descentralização deste género em Angola.

 Algum show agendado ainda para este ano?

Sim, no dia 30 de dezembro. É o último show do mês e do ano na Thomson House, a primeira casa que deu a oportunidade de dar a conhecer ao público o som do Colectivo. O conceito (Jisabu Ja Lelu: Histórias de Hoje) continua a ser o mesmo, no qual narramos as nossas vivências, dikulos e kitotas, com convidados à mistura (desta vez, com a Banda Reticências) e procuramos interagir com o público desta nossa aldeia social Luandina. Mais do que palavras, é ver o evento ao vivo e colher pessoalmente os seus efeitos singulares.

Que grande resolução fazem do ano de 2017 e/ou quais foram as conquistas do colectivo?

Acreditamos que este ano simbolizou o pontapé de saída para que as pessoas ficassem a saber o que o Colectivo Jazzmática tinha a oferecer. Estamos num processo evolutivo no qual só temos vindo a amealhar e ruminar as experiências, para que possamos dar vazão aos objectivos propostos que temos para o próximo ano.

 O que podemos esperar do colectivo para o próximo ano?

Um conjunto de palavras “Jisabu Ja Lelu”, Histórias de Hoje! (LOL)

 Que papel têm, como músicos, para o crescimento social e como isso se reflecte na música que fazem?

Acreditamos que a componente de trazer a nossa musicalidade pode induzir a uma terapia reeducativa das novas gerações, desabituando o habitual, ou seja, a norma. Norma esta que precisa de ser constantemente desafiada pela liberdade e diferença, sem rótulos, jaulas, clichês e conotações. A música tem poder, pois pode inspirar, servir de exemplo pela positiva, assim como deturpar e gerar um retrocesso. Mas a música também pode nos ensinar a dar a volta, para podermos nos ver de outra forma, noutra perspectiva, na busca de um novo meio, processo, viagem e caminho para a melhoria e equilíbrio do ser humano. Cabe às pessoas decidirem se aceitam tal mudança ou não.

Há alguma mensagem?

Acompanhem o nosso processo criativo em vídeos dispostos para uma percepção mais detalhada da nossa linha de trabalho, podem ficar atentos ao que iremos vos apresentar para 2018, pois estamos a cozinhar com gás!

Gostaríamos de aproveitar para agradecer a toda gente que nos tem apoiado e comparecido aos nossos eventos/shows. Sem a vossa presença, não teríamos pernas para andar. O nosso muito obrigado!