De(u)s (h)umano – quatro poemas de Hondina Rodrigues

Vida

Passou por mim

árvore incerta na rota do pré destino

abra sou lutas

doou-as

implacável

sem espera

suturando entre tanto

esperanças

enganos a mente

Eterna caverna

tal qual pintou Platão

Paixões exalam pães de deus 

Sigo

(eu Homem)

desumanizado

perdi os olhos

em incógnita idade

?Será a morte 

a única verdade

Vejo I


Do extremo positivo
do controverso viver
sóis pintados negro

Sob tectos

cidades agourando

sorridentes primaveras
camuflando subtis infernos

Vejo II

O respirar

em barro inerte

O decompor do laço

em quebra permanente

A Trilha ignorante
tão vazia de passos
tão cheinha de traços

Do linguajar feitoflecha
do coração feito pedra
vejo vida

vejo morte

vejo morte
vejo vida

Imérito pranto

Apaga
a paga
alta
o dorso
relutante
abraça
ainda
lágrimas
de risos
perdidos
em ventos
falecidos
num Oeste
mira
no horizonte
o Este

Qual débito
se diz eterno

Qual luz
incide sobre
eu cinza
se me disse
o mar
e sente em mim
o ar
que do mesmo fio
me teceram

Qual deidade
surripiou as pontas
do cordão quebrado
e inventou a história

Ópio das gerações

Qual deus
quebrou o elo

Entre
karmas importados
religiões inventadas
e um forjado deus credor
falará por si a Prima Luz

Apague desse fôlego
imerecidos fardos…

Leave a Reply