Dominick Tanner é um dos mais conceituados curadores a actuar no mercado angolano de artes plásticas. Administra o Espaço Luanda Arte, onde protagoniza a intermediação dos talentosos artistas angolanos com o público nacional e internacional. Tendo em conta a relevância dos projectos e o impacto dos talentos que vem revelando, tanto da nova como da velha geração, nada mais apropriado que dar voz ao seu testemunho como homem de cultura em solo nacional. De nacionalidade inglesa, a sua paixão instantânea pela cultura angolana deixa pela cultura angolana deixa em evidência o adágio que diz que toda arte é universal.
Questionado a respeito do seu curriculum e a formação que ajudou a consolidar a direcção que dá em seu trabalho, apresentou-nos uma lista extensa:
“De 1992 a 1996 Licenciatura – BA(Hons) Relações Internacionais – University of Kent, Canterbury, Reino Unido. De1992 a 1996 Curso – “DrawingTechniques” – Fine Art Society University of Kent, Canterbury, Reino Unido. De 2002 a 2003 Curso – “Técnicas de Pintura” [1º Ano], ARCO, Lisboa, Portugal. 2003 Bolsa de Estudo – Fundação do Oriente – Projecto de Pintura no Templo de Jata de Theertan, Tamil-Nadu, India. 2014 Pós-graduação – Fundações na Arte Contemporânea – Sotheby´s, Londres, Reino Unido. 2014 Pós-graduação – Introdução ao Mercado da Arte – Chelsea College Art, Londres, Reino Unido. 2014 Pós-graduação – Curadoria em Arte – Chelsea College Art, Londres, Reino Unido”.
Para além de sua formação académica e técnica é também dono de um passaporte que colecciona muitos vistos em nome da arte, configurando-se, assim, numa personalidade que tem algo a dizer sobre a experiência que acumulou tanto dentro, como fora de Angola.
Palavra&Arte: Como começa a sua trajectória de actuação no universo das artes plásticas africanas, e, principalmente, a Angola?
Dominick Tanner: Desde os meus tempos de colégio inglês em Portugal e depois durante a minha faculdade em Inglaterra, tive e cultivei uma enorme paixão por Arte Contemporânea. Inclusive, poucos sabem que cheguei a aventurar-me como Artista durante alguns anos, algo que ensinou-me muito e preparou-me de certa forma sobre as relações e as expectativas no mundo das Artes. Encontro-me em Angola há 8, quase 9 anos. Desde o início que descobri enormes talentos e potencialidades no meio artístico. Entrei no mundo da produção e comecei a produzir plataformas de Arte Nacional.
Palavra&Arte: Como começa a sua trajectória de actuação no universo das artes plásticas africanas, e, principalmente, a Angola?
Dominick Tanner: Desde os meus tempos de colégio inglês em Portugal e depois durante a minha faculdade em Inglaterra, tive e cultivei uma enorme paixão por Arte Contemporânea. Inclusivé, poucos sabem que cheguei a aventurar-me como Artista durante alguns anos, algo que ensinou-me muito e preparou-me de certa forma sobre as relações e as expectativas no mundo das Artes. Encontro-me em Angola há 8, quase 9 anos. Desde o início que descobri enormes talentos e potencialidades no meio artístico. Entrei no mundo da produção e comecei a produzir plataformas de Arte Nacional.
Como se deu a sua adaptação no mercado artístico nacional?
Costuma dizer-se que quem corre por gosto não cansa. Há tanto por dizer, mas quero verdadeiramente dizer que encontrei um mercado muito informal e desregulamentado. Ainda por cima tivemos anos de um crescimento económico tão grande que muitos artistas vendiam as suas obras por preços completamente desfasados com a realidade nacional e internacional. De há poucos anos para cá, e sobretudo com a renovação de valores e códigos de conduta e a promoção de boas práticas que adviram com a crise, temos tido uma formalização maior do mercado aonde é possível criar parâmetros de quanto um artista A, B ou C está cotado face aos seus colegas.
O ´ELA´ nasceu de uma vontade de ter um espaço onde pudéssemos ter os nossos projectos devidamente apoiados com uma estrutura.
Quais foram os seus primeiros trabalhos e qual era o panorama artístico da época?
Em 2010 comecei a preparar a primeira edição de uma plataforma de Arte Nacional de nome ´Jovens Artistas Angolanso´ ou ´(JAANGO) Nacional´, inspirado no movimento dos ´Jovens Artistas Britânicos´ dos anos 80s em Inglaterra, mas com a ideia de reciclar as mentes e as narrativas de Artistas Angolanos através da criação de instalações. Até 2017 já desenvolvemos seis edições, com a valiosa ajuda da NCR Angola, do BFA e da WEZA. Em 2018 faremos a 7ª Edição. Outra plataforma que criei foia ´Vidrul Fotografia´ focada em potenciar Fotografia Nacional através da criação e exposição de fotografia experimental. Temos a sorte de ter o apoio da empresa nacional ´Vidrul – Vidreira de Angola´. Em 2018 também chegaremos à 7ª Edição. Em Angola é difícil que haja continuidade e apoio a longo prazo a projectos como estes, pelo que fruto da persistência e lealdade dos patrocinadores, temos conseguido esta longevidade.
Quais foram os momentos mais marcantes em sua trajectória?
Sem dúvida ter inaugurado o ´ELA – Espaço Luanda Arte´ em meados de 2016 foi o realizar de um sonho. Mas acho que os momentos mais marcantes ainda estão para vir. Até porque. levando sempre o meu trabalho com muita seriedade, nutro a ambição de fazer muito mais por e chegar ainda mais longe com as Artes Angolanas.
Fala-nos do ´ELA´: o que o motivou criar e qual é o diferencial que pretende agregar no universo dos espaços de cultura Nacional
O ´ELA´ nasceu de uma vontade de ter um espaço onde pudéssemos ter os nossos projectos devidamente apoiados com uma estrutura. Andávamos durante muitos anos a procurar espaços disponíveis e, infelizmente, não há muitos em Luanda que estejam em condições ou disponíveis. Encontrámos as condições certas no prédio da ´DeBeers´, na Rua Rainha Ginga, a baixa de Luanda – outrora rica em arte e cultura nacional. Agora, o ´ELA´ não é somente uma galeria comercial, e está particularmente engajado e vocacionado em valorizar três pilares importantes como: a pesquisa – desenvolvendo até duas residências individuais e três residências colectivas por períodos entre dois a três meses, assim permitindo obras que são especificamente pesquisadas e criadas a pensar no espaço; o diálogo – disponibilizando uma área para mesas redondas, discussões e palestras de artistas; e a mostra – atribuíndo uma área de exposição muito grande para exposições individuais, duetos e mostras colectivas, e tudo que seja inovador.
Observamos que o ´ELA´ esteve envolvido em eventos internacionais, poderia nos falar mais a respeito?
Isto é um processo e uma evolução natural do nosso trabalho em Angola. Queremos criar mais diálogo e mais crítica construtiva à volta dos Artistas Nacionais e da Arte criada em Angola. E depois é importante participar no debate sobre Arte Contemporânea Africana e não-Africana, resgatando para nós o nosso destino, em vez de ser a Europa ou os EUA a ditar o que são os moldes ou paramêtros dos mesmos. Já participamos em 6 feiras internacionais, não motivados pelo ganho comercial (até porque isto é um processo que leva tempo) mas pelo contributo que Angola pode e deve fazer no panorama internacional. Achamos que a Arte Angolana poderá não só atrair mais colecionadores como, havendo um Museu, um dia trazer turistas e mais conhecimento sobre Angola.Afinal Arte é diplomacia e ajuda a fazer pontes entre povos e países.
o ´ELA´ não é somente uma galeria comercial, e está particularmente engajado e vocacionado em valorizar três pilares importantes como: a pesquisao diálogo e a mostra
Quais são os projectos do ´ELA´ para o futuro ?
Este ano anunciam-se duas novidades e o ´ELA´ vai abrir uma bibilioteca aberta ao público de acesso aos seus variadíssimos livros e arquivos, e pretende também inaugurar um programa de residências pan-africanas e inter-continentais com a criação de um ´AIR´ – ´Artist-In-Residence´, permitindo assim o inter-câmbio entre artistas internacionais emergentes e de renome, e seus congéneres Angolanos – promovendo assim e de forma positiva a arte contemporânea de angola e de seus protagonistas.
Que informações pretende passar aos leitores da Palavra & Arte e principalmente aos artistas ?
Sejam exigentes com o vosso trabalho e pesquisem muito antes de começara pintar ou a criar. Arte não deveria ser só um exercício estético e terá algo que contar, profundidade. Afinal Arte é como um livro, serve de documento e arquivo histórico para que futuras gerações possam testemunhar o que era a nossa realidade.