Suspiros incoerentes & madrugada – Quatro poemas de Adriana Borboleta

Suspiros


Cavalgar em noites
luz lanterna de almas mortas.
psicologia não psicopatias
se na noite triste de riso
céu acalma‘dor de almas 
não lama.
se mala que carrega
vidas em baú de abraços
com amor subtil.
poesia na posse de um 
quadro surreal
o brilho que em mar não finda 
horizonte que traz formas de explanação das gaivotas.
psicologia se amor interrogação ágil da vida 
sou exclamação do ateu.

A fala da madrugada 

Hoje sou água, terra, vento, fogo
sou um pouco da falta de ar que exala no ar
um tanto que voa
e corre no tempo de risos e luz
uma paz que rega a alma 
uma triste folha que morre no chão
seca na porta que não abre
e morre na sede do dia
um corpo espiral anti-horário
uma lua que brilha com o beijo do brilho do amanhecer


Hoje sou um choro de vida
numa anulação em que o dedo toca a síntese musical da vida
uma vida dentro de outras vidas
talvez seja a simbiose que carrega o silêncio ameno do sangue
que carrega uma flor que fala mas não falo da palma das minhas mãos
não falo do bater dos pulsos quando sente a opacidade em si
falo de um sonho que o mar me ama
de um dia em que a liberdade não é perigosa
falo do além que é hoje e às vezes nunca chega


Incoerentes

Sentidos minúsculos
desenham o desejo
da boca samaritana
no contorno umbilical

gritam na ânsia

das in‘certezas in’compreendidas
o voar saboreado
sentindo o outro lado
do sentir do teu fôlego
gingado no solo
com lágrimas da mãe negra
na dança de juras de fome
jamais transbordada de bênção
anjos oportunos do solo
fluído a seco

Hospício literário


Vi ilhas secas
bocas vazias
mentes batalhadas no vácuo 
vi ausentes ratoeiras na ilha
adorando deuses inexistentes 
cruzando cuecas rosas 
de safadas desavergonhadas
correndo na pressão do eu
noiteando em sorrisos frouxos 
num quase nada da vida