Contrariamente a esse cenário, o contacto com as nuances da vida confirma a existência de seres humanos que até as próprias progenitoras iriam preferir apertá-los entre as pernas se soubessem do feio feitio que os mesmos teriam anos depois do nascimento. São aqueles seres humanos que diante de um estudo meticuloso seriam considerados num autêntico risco ao progresso da humanidade
As letras da Noite e Dia revestem-se duma originalidade inconfundível, ou seja, meio “açucaradas” e “Instigantes” que despertam o corpo para a dança. Muitas vezes, estas letras criam uma música do tipo selfie. Música selfie é para mim uma espécie de auto-retrato. Neste sentido, o autor dá maior ênfase em si mesmo, revelando um certo narcisismo. É uma característica bem visível nas letras das músicas de Noite e Dia.
Levantei os olhos do número atrasadíssimo da revista “Courrier Internacional”, que trazia comigo, onde lia um artigo e ao mundo se Martin Luther King não tivesse sido curiosíssimo sobre a chamada “História Alternativa”, em que se teciam considerações sobre o que poderia ter acontecido ao seu país assassinado e se ele se tivesse tornado Presidente dos Estados Unidos da América. Deparei-me com o rosto de um indivíduo imberbe, a civil, mas que uma plaqueta à sua secretária elucidava, além do nome que propositadamente omito, que se tratava de um agente de segunda classe.
– Hum!? É proibido o quê? – perguntei, sinceramente não estava a acreditar.
Percebo que as pessoas engajadas na sua arte, que exploram, pesquisam e, principalmente, as que sentem… as verdadeiramente chamadas ‘artistas’, são privilegiadas. Ao estudar de forma tão orgânica, palpável e aprofundada, o artista refaz-se, especialmente o artista bailarino, que lida com o corpo, com a sensação; vejo que, quanto mais se aprofunda, essa dança amplia e apura e, sem que perceba, o contacto com as pessoas e o mundo fica aprimorado
Gerilson Israel apresenta-nos uma composição musical que, do ponto de vista dos «Estudos Culturais», deve ser analisada dentro de um contexto específico, sob pena de se relegar à mais extrema pobreza uma obra que, como qualquer outra, possui, seguramente, alguns pontos fortes. Trata-se de uma música que reflecte o contexto actual em que o «capitalismo» converte até o que há de mais puro e sublime em mero objecto comercial, em que o apego pelas coisas se constitui como um estilo de vida. Como é visível, vivemos em estado de urgência. A pressa é uma das principais características do nosso tempo. Os cantores privilegiam composições que facilmente ficam nos ouvidos do consumidor. Tanto a música como o autor são criações sociais, construções humanas de um período cada vez mais incaracterístico em termos de valor, frutos da «cultura de massas» que procura, a todo o instante, consumidor activo.
Por tudo que ao longo de tudo vai se caracterizando no seio dos escritores, insisto nesta pequena dissertação, iniciando, porém,...