Em jeito de conclusão, devo dizer que cada poeta é um mundo de sonhos, de desejos, de clamores, de lutas. Cada poeta, socorrendo-se dos artifícios que trazem o belo no texto, deve deixar fluir a sua alma livremente. E aqui, para mim, Kaz Mufuma consegue muito bem elevar-se aos píncaros da beleza textual em muitos dos textos com figuras de linguagens bem colocadas. Sendo que, mais do que o corpo e a alma, na poesia, senti vivamente a voz lírica desse jovem vibrante do nosso tempo.
Ela nasceu na mesma rua e época que eu, no bairro dos Eucaliptos, periferia da capital do Namibe, que até antes da década de 80 do século passado era praticamente desabitado. Montes de areia desenhavam o nosso berço. O tempo passou desde a altura que a nossa terra era um autêntico areal. Hoje é um espesso lamaçal, nas raras ocasiões de chuva, e a Nguevinha é mãe de oito filhos. Uns, descalços e empoeirados, vagam pelas ruas do bairo e outros, zungueiros de saco preto, na pracinha do Kapeke. O mais velho, com menos de 16 anos, é açougueiro. Dizem que em cada amontoado de crianças que se encontre a brincar pelo bairro, há, no mínino, um que seja filho da Nguevinha.
Os movimentos têm máscaras. Têm lutas e não são para perfis desorientados. O homem literário-artista angolano já não tem nenhuma bússola moral, tão-pouco sonhos. Tem interesses artísticos de poder, de mania e, sobretudo, de política. Os movimentos, alguns poucos, são verdadeiras escolas públicas. Que esse público seja o mais humilde, o mais dedicado, o mais ciente da luta e o mais humano acima de tudo. Eu fui e sou, em grande escala, educado artisticamente por um movimento de operários, de jovens sonhadores e com menos ego.
O afrofuturismo surge como uma proposta estética na direcção de uma expressão cultural inspirada em valores africanos.
Desde os tempos mais antigos, os lugares sempre tiveram nomes como factor identificativo e valoração sociocultural. Pois que, para se chegar a qualquer ponto do mundo, tem de se saber o nome enquanto topónimo. Relativamente ao diálogo intercultural no campo da toponímia, o mesmo apresenta-se e serve-se da coabitação recíproca da funcionalidade histórica.
Fodíamos todas as noites — era assim que começava o livro dela. Um romance de mau gosto que devia ter sido escrito com os dedos sempre húmidos. Não faltava no livro palavras que se ouvem apenas de mulheres húmidas. Enquanto ouvia ler este Atestado da Intensidade Erótica, pensava nela, vigorosa e cálida, a surgir coberta de roseiras-rubras nos seios e no sexo. Era o segundo livro e terminava com uma convocação de traições e sangue, depois de uma sucessão de lugares-comuns.