Diante da importância de autores como Luís Carlos Patraquim para a construção da poesia moçambicana e elaboração de suas frentes literárias e, também, da potência da escrita de Hirondina Joshua, dentre poetas mulheres que despontam no país após tanto tempo apenas com nomes singulares como os de Noémia de Sousa e Glória de Sant’Anna, é possível analisar como os movimentos de poesia na escrita desses poetas revelam algo além da intertextualidade – e aqui, por ordem de gerações, seria coerente o diálogo intertextual de Patraquim empreendido pela poesia de Joshua, na qual se nota uma escrita consciente e crítica.
Vale está de acordo com a ideia de que a escrita é sempre uma escolha livre e que todo aquele que escreve não deve aceitar a imposição temática ou temporal. Aliás, tanto faz no passado quanto no presente, há sempre algo a tratar, portanto o que importa, para o poeta, é “entrarmos” nesse “maravilhoso jardim árabe e sentarmo-nos logo ali/no primeiro banco de pedra lisa/imaginando o azul do mar” e extrair dele o necessário ou aquilo que é vital para a alma. Assim, Vale vale-nos pelo seu convite para contemplarmos o mundo nos seus diversos ângulos.
A Literatura de Esperança tem ganhado muitos aderentes fruto da grande estratégia de marketing por parte de seus fazedores. O número de vendas dos livros já citados é uma amostra deste facto. O que não acontece com Obras Literárias, pois nota-se uma fraca estratégia de marketing por parte de editoras quanto a publicação das mesmas.
A falta de uniformização da escrita em Umbundo constitui um problema grave cuja resolução constitui uma miragem. E ante isso, está a passividade do Instituto Nacional de Línguas. Nos anos seguintes, por exemplo, teremos as línguas nacionais no sistema de ensino, mas que padrão se vai ensinar? O Católico ou o Protestante? Isso poderá constituir uma dificuldade na alfabetização destas línguas, particularmente o Umbundo.
“Meu caro professor Luciano, quero comunicar – lhe que acabo de assegurar a libertação do seu compatriota Nelson Cangombe… Nada que o dinheiro não resolva… Um dos meus advogados conseguiu que fosse estipulada uma caução, tornando – se tudo muito mais fácil. – Muito obrigado, senhor Feng, pelo menos essa parte do problema fica resolvida. E faço votos sinceros de que o investimento seja lucrativo.” (p. 104).
os contos podem ser: Contos do fantástico e do maravilho- cujos protagonistas são seres humanos à mistura com monstros antropófagos, seres inanimados, homens metamorfoseados por poderes ocultos, espíritos, divindades e afins.Nestes contos, o enredo contém acontecimentos ou factos extraordinários que a razão humana não consegue explicar, remetendo a explicações para o plano de poderes ocultos e para os sobrenaturais. O objectivo destes contos é infundir respeitos pelos princípios metafísicos ou de espiritualidade que subjazem na relação Homem-Natureza-Entidades Superior. Infundem medo quanto ao desrespeito pela vida em sociedade. São exemplos disso os primeiros contos do livro e paradigmático, “O quarto da avó”. E contos sociais que fazem parte do entretenimento cujo objectivo é transmitirem um exemplo ou uma lição.Os seus personagens são seres humanos, as vezes misturados com animais no plano secundário. Os factos são tidos ou narrados como verdadeiramente acontecidos num tempo e lugar determinados e contenham alguns episódios magísticos ligados aos seres humanos com poderes especiais, ocultos. O exemplo melhor conseguido desta categoria é o conto Mahamba.