Vale está de acordo com a ideia de que a escrita é sempre uma escolha livre e que todo aquele que escreve não deve aceitar a imposição temática ou temporal. Aliás, tanto faz no passado quanto no presente, há sempre algo a tratar, portanto o que importa, para o poeta, é “entrarmos” nesse “maravilhoso jardim árabe e sentarmo-nos logo ali/no primeiro banco de pedra lisa/imaginando o azul do mar” e extrair dele o necessário ou aquilo que é vital para a alma. Assim, Vale vale-nos pelo seu convite para contemplarmos o mundo nos seus diversos ângulos.
A Literatura de Esperança tem ganhado muitos aderentes fruto da grande estratégia de marketing por parte de seus fazedores. O número de vendas dos livros já citados é uma amostra deste facto. O que não acontece com Obras Literárias, pois nota-se uma fraca estratégia de marketing por parte de editoras quanto a publicação das mesmas.
A falta de uniformização da escrita em Umbundo constitui um problema grave cuja resolução constitui uma miragem. E ante isso, está a passividade do Instituto Nacional de Línguas. Nos anos seguintes, por exemplo, teremos as línguas nacionais no sistema de ensino, mas que padrão se vai ensinar? O Católico ou o Protestante? Isso poderá constituir uma dificuldade na alfabetização destas línguas, particularmente o Umbundo.
“Meu caro professor Luciano, quero comunicar – lhe que acabo de assegurar a libertação do seu compatriota Nelson Cangombe… Nada que o dinheiro não resolva… Um dos meus advogados conseguiu que fosse estipulada uma caução, tornando – se tudo muito mais fácil. – Muito obrigado, senhor Feng, pelo menos essa parte do problema fica resolvida. E faço votos sinceros de que o investimento seja lucrativo.” (p. 104).
os contos podem ser: Contos do fantástico e do maravilho- cujos protagonistas são seres humanos à mistura com monstros antropófagos, seres inanimados, homens metamorfoseados por poderes ocultos, espíritos, divindades e afins.Nestes contos, o enredo contém acontecimentos ou factos extraordinários que a razão humana não consegue explicar, remetendo a explicações para o plano de poderes ocultos e para os sobrenaturais. O objectivo destes contos é infundir respeitos pelos princípios metafísicos ou de espiritualidade que subjazem na relação Homem-Natureza-Entidades Superior. Infundem medo quanto ao desrespeito pela vida em sociedade. São exemplos disso os primeiros contos do livro e paradigmático, “O quarto da avó”. E contos sociais que fazem parte do entretenimento cujo objectivo é transmitirem um exemplo ou uma lição.Os seus personagens são seres humanos, as vezes misturados com animais no plano secundário. Os factos são tidos ou narrados como verdadeiramente acontecidos num tempo e lugar determinados e contenham alguns episódios magísticos ligados aos seres humanos com poderes especiais, ocultos. O exemplo melhor conseguido desta categoria é o conto Mahamba.
A literatura é, dentre outras coisas, a partilha de coisas sagradas para todos nós enquanto seres humanos – não importa os nomes que damos a estas coisas. É a partilha de partes importes e significativas de nós mesmos, dos outros, das nossas culturas, vivências, dinâmicas, e do belo eterno que nos circunda mesmo quando não conseguimos ver. Se isso não é sagrado, não sei o que é!