A sistemática destruição das tradições e costumes africanos perpetrada pela igreja ao longo de séculos reflecte-se hoje no desestruturado conceito social de espiritualidade no seio das famílias e da sociedade, duma forma geral, que se tornaram cada vez mais analfabetas espiritualmente, tornando-se presas fáceis para os novos e selvagens conceitos de religiosidade que proliferam em todo e qualquer canto do país, como na maioria dos países africanos.
Dois mundos que se cruzam entre personagens singulares que também se cruzam e reflectem-se em espelhos paralelos, mostrando um pouco de cada um de nós, independente de onde sejamos ou pertençamos. Somos levados a reflexões: das mais simples às mais complexas. A cada página, um pouco mais de profundidade. Uma escrita que nos mostra e faz sentir a eternidade e simultânea efemeridade do tempo. Esse tempo pode ser o da narrativa – o tão bem trabalhado tempo da narrativa. Mas pode ser também o tempo da nossa vida, do dia-a-dia; o tempo que temos para fazer nossa existência valer a pena ou, ainda, o tempo que talvez tenhamos para construir um futuro melhor que o presente ou o passado.