«Ventre Negro» é uma obra prosaica em formato digital que compreende 7 narrativas que nos encaminham até à alma de um Camama agitado, engaiolado no negro ventre que ainda conserva os ritmados sons do ngoma, da marimba, da dikanza e os deslizantes passos da masemba. Estas narrativas, do ponto de vista da taxonomia literária, podem assumir-se como cronicontos na medida em que encerram um certo hibridismo que oscila entre o conto e a crónica narrativa. Trata-se de uma prosa realista muito bem conseguida com marcas do surrealismo e do realismo animista.
Este texto faz uma abordagem da infância vivida pelo sujeito poético com o seu amigo Edelfride, grande nome do futebol Benguelense, para quem ele dirige estas lindas palavras. Infância esta que se desenrola em Angola, particularmente em Benguela.
A versatilidade temática do género levantava uma bandeira clara: jovens periféricos podiam tomar posse dos seus próprios discursos e serem activos na edificação das próprias vidas e na vida das respectivas comunidades. E esses discursos não eram restritos ao verbo, isso espalhou-se aos outros elementos da cultura. Essa bandeira acabou por contagiar o mundo e Angola não foi excepção.
A história da humanidade é bastante ilustrativa quanto à relação de enamoramento entre a arte e educação. As paredes decoradas pelas pinturas rupestres são motivos de especulação científica que advogam ideias, segundo as quais, aquele tipo de arte guardava instruções relacionadas à caça, às normas dos rituais de fertilidade e expressão de conceito, valores, crenças, entre outras coisas que adornavam o quotidiano do homem da pré-história.
Há alguns anos, ouvimos, de cadeira cativa, a crítica esmagadora do grande dramaturgo, filósofo e pintor afro-americano Molef Kete Asante quando afirmou que em África não existe ainda um teatro africano. Existe teatro no continente, existem pessoas africanas fazendo teatro nos diversos países, mas, no sentido epistemológico e ontológico não vemos ainda um teatro puramente africano, senão aquele feito à margem do teatro ocidental. Esta afirmação levou-nos também a uma observação mais profunda da “Afrocentricidade” enquanto paradigma para africanizar as artes levadas a cabo em África por pessoas no continente, sejam natos ou não.
É sabido por muitos que a escrita em Língua Portuguesa não corresponde sempre à fala. Esta situação é vista por muitos falantes como uma desvantagem para o ensino do Português, principalmente para pessoas que a têm como segunda língua ou que não a têm como materna. Submetemo-nos, por isso, ao exercício de entender certas realizações, no discurso escrito, da língua mais nacional que temos.