A manhã tinha tido, até à entrada das sete horas, a cor das paixões humanas e a fala natural do vento – há sempre uma direção a seguir! Guiada pela parte em que a sombra dava vida ao metro quadrado da sala enquanto a luz do dia sem o peso do sol penetrava às persianas, apalpou o soalho com a nudez da palma dos pés, estava frio, embora o inverno fosse uma criança sem meses; no coração da sala encontrou, sobre a mesinha cristalizada onde moravam os livros selecionados há já algum tempo, uma fotografia onde se namoravam dois elefantes – as trombas, dadas uma a do outro, faziam lembrar as amarras da África de um pano qualquer, porém, sólidas como a idosa viuvez de Eugenia, a Maria. Nua, ainda, procurou tocar a profundidade daquela fotografia com os olhos
Mas ela cantava, se a guitarra ou ela, mas cantava, suspiros que me envolviam em abraços que dispensavam o corpo; voz e ouvido acasalavam-se e comentários viam-se para o mundo exterior, livre por cada nota, do Dó ao Dó com o Fá a servir-se como ponte da receptividade do alheio à minha volta. À nossa volta.
Entrou às pressas no Terraço. Do outro lado, o clima suspeitava a chuva. O vento, assaltando as coisas menos leve....