Madrugada é solilóquio junto ao mar parado. Digo, afirmo e reafirmo: não gosto de perder o sono pela alvorada. Quando fico sem sono, pela madrugada, sofro imenso. Normalmente, tento trabalhar. À madrugada, isso traduz-se em escrever, ler ou ambos. Algumas vezes, não tenho vontade de nada disso. Hoje, por exemplo, não me apetece fazer nada. Estou quieto na cama. Oiço o latido e o vrum-vrum dos carros.
Mística dança em plena batalha
nas horas vagas de prazer
desperta o dragão adormecido
por umas tais pirâmides invertidas
louca (in)vestida de noite
desorienta o ponteiro
secular mente domina
o coração sacristão
atormentado por tais visões
vultos de um corpo sedento
no corredor da morte
《Reconheço-o》