Handanga leva-nos à Bíblia, fazendo-nos reflectir na narrativa de Noé. (Veja-se Génesis 6 – 9). JH faz uma analogia entre o que se passou na era de Noé com o que se viveu nos primeiros dias da pandemia: “Noa otunga ocimbaluku, ombela yo yiya. Omanu vayola yola, vanyua, vapiluka, hati/ vati Noa walinga eyui.” Ou seja, enquanto Noé construía a arca e alertava às pessoas sobre o dilúvio, as mesmas riam-se dele, comiam, bebiam e dançavam, dizendo que Noé estava maluco.
Handaga é um artista que soube ler o momento e interpretar os corações feridos dos angolanos para, então, anunciar as boas novas. E como as principais vítimas do conflito armado tinham sido as populações do centro e sul do país, o artista serve-se dos seus conhecimentos da cultura desse povo e, assim, canta a paz então alcançada e pedi aos seus irmãos para regressarem às suas terras a fim de reaver os seus bens, rever os seus parentes sobreviventes do conflito e contribuiu, sobretudo, para a união e reconciliação nacionais.
Uma boa composição musical é um casamento perfeito entre uma boa melodia e uma boa letra, pois o resto são detalhes. A harmonia e o ritmo, dois elementos que, a par da melodia, se apresentam como elementos constituintes da música, servem apenas como adorno para o embelezamento da mesma. Eu costumo dizer que um grande compositor é, por natureza, um bom músico e, ao mesmo tempo, um bom poeta. Pois, não é qualquer um que tem a genialidade de tocar a alma das pessoas com a musicalidade de sua melodia e poeticidade das suas palavras.
Declamar é arte que dispensa adjectivos. É pérola que tem brilho cativo. Mas requer cuidado, como a flor do ninho que, desamparada, clama por carinho. Ela é o mesmo fogo que ilumina a noite escura quando os olhos buscam a chama da aventura, é a insegurança toda da paixão que flameja e arde à entrada do coração quando a saudade invoca a luz do bem-querer, e o que se espera é a emoção do entardecer.
Por este palco a que chamamos arte de Declamar, desfilam diversos declamadores, GRANDES e pequenos. Uns cantam o que nos afecta, desde o êxtase à dor, outros nem se ouvem, porque, enquanto declamadores, não têm alma.
Há homens que não morrem Dotado de uma perícia singular, Moisés Kafala diviniza-se na harmonia poética ao trovar Agostinho Neto. Não...