Ela nasceu na mesma rua e época que eu, no bairro dos Eucaliptos, periferia da capital do Namibe, que até antes da década de 80 do século passado era praticamente desabitado. Montes de areia desenhavam o nosso berço. O tempo passou desde a altura que a nossa terra era um autêntico areal. Hoje é um espesso lamaçal, nas raras ocasiões de chuva, e a Nguevinha é mãe de oito filhos. Uns, descalços e empoeirados, vagam pelas ruas do bairo e outros, zungueiros de saco preto, na pracinha do Kapeke. O mais velho, com menos de 16 anos, é açougueiro. Dizem que em cada amontoado de crianças que se encontre a brincar pelo bairro, há, no mínino, um que seja filho da Nguevinha.