Crónicas de Arruaça no País das Maravilhas” resulta do kitsh que o mundo se tornou desde Janeiro de 2020. No viés material, o mundo fez-se um baile de máscaras, álcool em gel, viseiras, mortes, prepotência e distanciamento físico.Ora, com sarcasmo, ironias e técnicas de carnavalização de pessoas e temas, os escritores de “Crónicas de Arruaça no País das Maravilhas” escrevem artisticamente engagé, fazem, em cada prosa, uma reportagem da arruaça, do bulício das manifestações, da fome, da saúde, da injustiça, da desigualdade social, do analfabetismo funcional, da violência policial, da utopia e da distopia que uns chicos espertos vendem ao povo em leito oral.
Se desculparmos a fome, a preguiça e outros males no nosso confronto com as razões que a natureza nos apresenta, quanto a sua inocente intervenção no universo infelicidade do nosso cotidiano, uma vez que, a nossa biologia é contínua e initerupta no tempo e espaço «só talvez na consciência e essência, quando mudadas pela mesmas causas imutáveis que existem na própria natureza e, que se justificam de quase tudo, por apenas cumprir princípios gerais de pré-ciência.»,
O Ministro da Saúde, que era um bom cristão, pertencente à igreja católica, apostólica e romana, na sua intervenção disse: “Nós somos um povo abençoado, porque todo e qualquer povo contentar-se-ia se, porventura, um dia a morte se lhe desaparecesse. Há seis meses que estamos sem registos de mortos nos nossos hospitais e, se essa for a vontade de Deus, pai todo-poderoso, que assim seja, estaremos felizes por sermos o primeiro povo que, sem o uso da ciência ou outros saberes humanos, se livrou da morte.
A língua oficial de Angola é a Língua Portuguesa, meio pelo qual permite a comunicação dos angolanos de Cabinda ao Cunene. Desta feita, a norma que vigora em Angola é a europeia (Portugal) e os angolanos esforçam-se para a sua rigorosa aplicação. A grande parte dos angolanos não falam nem aplicam todas as regras da norma-padrão português devido ao contacto que o português tem/teve com as línguas angolanas de origem africana. Por outro lado, o espaço pode ser o elemento distintivo entre o Português Angolano (PA) e Português Europeu (PE).
Como lido algures, “a cultura constrói os códigos e as linguagens simbólicas em que radicam os sentimentos de pertença a um colectivo de base territorial.” É, no entanto, neste conceito a que nos enlaçamos para compreender como os novos espaços urbanos dão sustentabilidade à liberdade criativa para a construção de códigos e linguagens simbólicas enquanto “subterfúgio” dos sentimentos das gerações.
Com sala ocupada acima do limite por gente vinda de várias latitudes da cidade de Luanda e não só, o certame foi essencialmente preenchido com intervenções que trouxeram a terreiro o perigo, cada vez mais evidente, da extinção das línguas nacionais, tidas como elemento primordial da identidade cultural de qualquer povo, numa altura em que, volvidos quatro décadas depois da Independência Nacional, a desculpa do colonizador e do seu tipo de colonização já não colhe. E foi nesta senda que Cesaltina Kulanda, que também é jornalista, recomendou à população e, principalmente, ao governo a incrementar esforços e redefinir políticas com vista a evitar a extinção das línguas nacionais.