Nossas crianças estão a aprender, à tangente, hipotenusa e cosseno, o discurso do método, a dialéctica, antes mesmo de aprenderem a dizer “por favor” e “obrigado”. Resultado? Seres humanos autómatos, insensíveis, endurecidos, apáticos e indiferentes às desgraças ou alegrias colectivas, aprisionados numa grotesca forma de autodestruição a que, por desencanto, se submetem.
A falta de uniformização da escrita em Umbundo constitui um problema grave cuja resolução constitui uma miragem. E ante isso, está a passividade do Instituto Nacional de Línguas. Nos anos seguintes, por exemplo, teremos as línguas nacionais no sistema de ensino, mas que padrão se vai ensinar? O Católico ou o Protestante? Isso poderá constituir uma dificuldade na alfabetização destas línguas, particularmente o Umbundo.
A raíz do Homem é a lágrima. A água quente e salgada a queimar-lhe o rosto desavergonhadamente e a incendiar os sentimentos diversos que tem no coração. É o grito de vida. O sinal de que há um Humano aí. Seja de graça, dor, pena, medo, perda e outra coisa qualquer. Um Homem sem lágrimas é homem. Guerrear contra a lágrima é um falhanço. Um erro atroz. É evitar o crescimento. É perpetuar o fardo.
Nos últimos anos, em Angola, os que detêm o poder económico e político-militar têm abusado do poder judicial. O sujeito poético, em Neto, alertou-nos: os homens negros ignorantes /que devem respeitar o homem branco / e temer o rico (2016, p. 25). Não é por acaso que João Lourenço, ciente da realidade na sua tomada de posse à presidência de Angola, em 2017, disse “que ninguém é tão poderoso ao ponto de não ser punido, e que ninguém é tão pobre ao ponto de não ser protegido”.