– A sujeição imposta à moralidade pública é o maior calvário para um homem lúcido. Mas não ser senhor das suas próprias vontades é ruína para um homem sábio. Minha amiga, não me queres dizer o que de facto de aflige, dizes-me apenas que queres fazer algo de que não te sentes capaz, que temes recriminações. Conhecendo-te como conheço, imagino que o teu dilema seja deveras delicado. Não te julgaria de forma nenhuma, se me contasses seja o que for, eu gostaria muito de saber para te poder ajudar melhor
Fodíamos todas as noites — era assim que começava o livro dela. Um romance de mau gosto que devia ter sido escrito com os dedos sempre húmidos. Não faltava no livro palavras que se ouvem apenas de mulheres húmidas. Enquanto ouvia ler este Atestado da Intensidade Erótica, pensava nela, vigorosa e cálida, a surgir coberta de roseiras-rubras nos seios e no sexo. Era o segundo livro e terminava com uma convocação de traições e sangue, depois de uma sucessão de lugares-comuns.
As letras da Noite e Dia revestem-se duma originalidade inconfundível, ou seja, meio “açucaradas” e “Instigantes” que despertam o corpo para a dança. Muitas vezes, estas letras criam uma música do tipo selfie. Música selfie é para mim uma espécie de auto-retrato. Neste sentido, o autor dá maior ênfase em si mesmo, revelando um certo narcisismo. É uma característica bem visível nas letras das músicas de Noite e Dia.
Badi Orguita, a mãe de todas as kuduristas, como ela mesma se intitula, é a nova sensação do mundo artístico em Angola. Surgiu do gueto, como grande parte dos kuduristas, e vem afirmando-se no mercado nacional, com o seu “Vou te acarcar”, que já faz furor nas pistas de dança. O fenómeno despontou do “Rangu” ou Rangel, e tem 54 anos de idade.
Esta capacidade de promover kuduristas fez do Rangel o lugar mais procurado por aqueles que almejassem sucesso no estilo. Como exemplo vivo, temos a polémica Jéssica Pitbull, oriunda do Sambizanga, que encontrou o sucesso no Rangel. Por trás de todo o sucesso que o Rangel granjeou no estilo Kuduro, há o nome dos conceituados DJ´s De Vitor, Ditox, Znobia, etc
Muitos artífices da palavra obedecem, à risca, as indicações teórico-normativas sobre a conceituação e caracterização dos géneros literários que aparecem em manuais de teoria da literatura ou em gramáticas como princípios orientadores de criação literária. Na contramão, situam-se aqueles escritores que procuram demarcar-se dessas convenções normativas e escrevem obras que, por vezes, colocam em crise o pensamento crítico – doxográfico e ideológico – que, numa teoria existencialista ao reverso, advoga a «essência» como predecessora da «existência». É neste lugar de desafios à convenção onde se situa a «República do Vírus» de António Quino.