Crónicas de Arruaça no País das Maravilhas” resulta do kitsh que o mundo se tornou desde Janeiro de 2020. No viés material, o mundo fez-se um baile de máscaras, álcool em gel, viseiras, mortes, prepotência e distanciamento físico.Ora, com sarcasmo, ironias e técnicas de carnavalização de pessoas e temas, os escritores de “Crónicas de Arruaça no País das Maravilhas” escrevem artisticamente engagé, fazem, em cada prosa, uma reportagem da arruaça, do bulício das manifestações, da fome, da saúde, da injustiça, da desigualdade social, do analfabetismo funcional, da violência policial, da utopia e da distopia que uns chicos espertos vendem ao povo em leito oral.
Cada autor forma um pequeno poemário, com direito a título, formando a que chamamos de caderno poético. Cada caderno poético é constituído por três textos no mínimo ou cinco, no máximo. Neste caso, a nossa colectânea é composta por dez poetas e, consequentemente, dez cadernos: AINDA RAÍZES (quatro poemas) de Job Sipitali; AMOR E UMA PITADA DE EROSTISMO DANÇANTE (três) de Emanuel Sebastião; MAL DITO CÁLICE (quatro) de Hondina Rodrigues; O ABSURDO (três) de Aldair Gomes; O VAZIO (três) de Lúcia de Almeida; PA FRENTE, PRA LAVRA (quatro) de Bona Ska; PESO DA ESTAGNAÇÃO (cinco) de Luís Kapemba; SÓ LETRA SÃO DO PRAZER (três) de Telema; SUSPIROS INCOERENTES & MADRUGADA (quatro) de Adriana Borboleta; e VÁCUO DO LIMITE (cinco) de Jorge Pedro.
PALAVRAS À EEMBE – UM TRIBUTO AO DR. ANTÓNIO DIDALELWA. Trata-se de uma colectânea de poemas do Movimento Cultural do Cunene, MCC, que procura, como apresentado no título, oferecer um tributo a figura do já falecido governador da província do Cunene, António Jeremias Didalelwa. O Movimento Cultural do Cunene, MCC, captura para si diversas manifestações artísticas e mostra-se preocupado com o nacionalismo angolano odierno, como se pode deduzir da parte referente ao «Breve Historial do Movimento», assim como da leitura dos poemas apresentados na obra em questão e noutras plataformas. A homenagem, apresentada em gesto poético, realça as qualidades motivacionais, dentre outras, daquela figura que marcou grandemente o povo do Cunene.
Os cronistas apresentam na obra diversas situações que afligem a sociedade do ponto de vista social e artístico, mas que os olhares da sociedade muitas vezes fingem não as alcançar. Os textos são abordados de modos distintos e peculiares e a transfiguração da palavra nas diversas temáticas justifica a dimensão artística e social, de pendor notoriamente considerável, presente na obra.
A narrativa que se nos apresenta é caracterizada pela unicidade diegética, na medida em que transcende de uma forma simples...