Quem fez isso ofereceu a leitura convicta de se tratarem de ordens superiores, o que já estava a acontecer e a ser veiculado: a violência estapafúrdia de uma polícia há muito despreparada, que tentou lidar com a situação da pandemia, como lida com a das zungueiras. Resultado: o número de pessoas mortas pelas balas da polícia, ao longo do estado de emergência, excedeu o número de óbitos pela pandemia
Exibida especialmente no dia 27 de Março, data em que se comemora o dia mundial do teatro, o monólogo é uma proposta emergente de se debater o homem actual e sua construção psicológica e sócio-cultural, trazendo à tona a questão da masculinidade tóxica, que se caracteriza pela descrição estreita e repressiva da masculinidade: onde o homem e sua masculinidade são definidos pela violência, sexo, status e agressão, num ideal onde a força é tudo, enquanto as emoções e fraquezas ou qualquer traço que o torne um ser inferior devem ser reprimidos.
O cenário, “intimamente intimista”, não daria para muita gente, e, infelizmente, muita gente precisaria de uma boa terapia musical no último dia laboral da semana, excepcionalmente na quinta-feira. A parte frontal da sala que, claramente, seria manejada pela anfitriã estava composta por uma mesa na qual dava para ver um PC e mais alguns instrumentos, dois, se tanto. Havia três microfones destacados, prevendo, além de ela, mais dois acompanhantes. Mas o que se viu foi o contrário. Ou seja, Maria-Gracia Latedjou, ao contrário do que se esperava, dominou todo o cenário, sozinha, com a simplicidade de uma experimentada artista de longos anos. Além dos dois instrumentos denotáveis sobre a mesa, demo-nos conta do violino que foi o instrumento base ou principal durante o concerto, tocado com e sem arco, embora, no seu EP inaugural, “o baile dos sentidos”, o violino não tenha conhecido o arco como tradicionalmente é.
O Anfitrião, absorto em lágrimas, fez transparecer que aquele momento era um o culminar de um exercício de sangue, suor e lágrimas. E tudo isso foi confirmado pela qualidade do show que fez posteriormente.
Gerilson Israel apresenta-nos uma composição musical que, do ponto de vista dos «Estudos Culturais», deve ser analisada dentro de um contexto específico, sob pena de se relegar à mais extrema pobreza uma obra que, como qualquer outra, possui, seguramente, alguns pontos fortes. Trata-se de uma música que reflecte o contexto actual em que o «capitalismo» converte até o que há de mais puro e sublime em mero objecto comercial, em que o apego pelas coisas se constitui como um estilo de vida. Como é visível, vivemos em estado de urgência. A pressa é uma das principais características do nosso tempo. Os cantores privilegiam composições que facilmente ficam nos ouvidos do consumidor. Tanto a música como o autor são criações sociais, construções humanas de um período cada vez mais incaracterístico em termos de valor, frutos da «cultura de massas» que procura, a todo o instante, consumidor activo.
Os musseques, nas suas formas mais consistentes ou mesmo no caoticíssimo que lhe é característico, configuram-se como o principal espaço...