Na rua as crianças
com cinzentas ondas nos lábios
talvez a fome e o nome
a engolirem asfalto de toda maresia
Na rua o peito e o tempo
em berros frenéticos
em forma de papagaios
dentro do estômago
A esvoaçar o céu todo
na garganta sensata do tempo
— o oceano no rosto de todas as tartarugas!
VAZIO DENTRO
Sou o corpo pútrido ao sabor do tédio
sou demoníaca vestida de mortes
vim mudar a aurora
Com estaca no coração
minha alma vejo partir
não consigo falar
não consigo respirar
que morte triste minha
que morte minha triste
A alma caminha de noite e dia
com medo da morte existencial
triste sorte
minha
sim
MORTE LENTA
A morte dura do anoitecer
Essa é a hora do despertar a partida
que assombra cada batida deste desfalecer
e o coração?
Esmagado no prantar do beijo
Sou o erro nascido da culpa
no pecado noturno do mundo
Não sei como lhe chamar: chamo
LENTA MORTE II